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sexta-feira, 17 de junho de 2011

Manifesto. Crianças e Adolescentes em Situação de Rua contra as operações de recolhimento



Caríssimos,
leiam a matéria abaixo e compreendam a vulnerabilidade de crianças e adolescentes no Brasil, neste período que antecede a Copa do Mundo.
A matéria me fez lembrar um velho ditado popular: "Por fora bela viola, por dentro pão bolorento!".
A Cia Cultural Bola de Meia repudia os mals tratos de crianças e adolescentes no Rio de Janeiro que vem ocorrendo no processo de "recolhimento" , operação "limpeza" para a Copa do Mundo!
O Mundo precisa é de mais respeito e dignidade, a começar pelo tratamento dado as suas crianças e adolescentes!
Mais Cultura, Arte, Educação, Esporte e Lazer... essas ações podem transformar a vida de muitas crianças e jovens !
Apoiamos a Cultura da Paz!

Jacqueline Baumgratz
Coordenadora Pedagógica
de Projetos Institucionais
Cia Cultural Bola de Meia


Manifesto das Crianças e Adolescentes em Situação de Rua
na cidade do Rio de Janeiro contra as operações de recolhimento

 Considerando a prática do recolhimento da população que se encontra em situação de rua, adotada historicamente pelo Poder Público do Rio de Janeiro, como uma prática arbitrária e desumana, que faz uso da força e violência policial para retirar pessoas que estão em situação de abandono nas ruas;

Considerando a RESOLUÇÃO SMAS Nº 20 DE 27 DE MAIO DE 2011, que cria e regulamenta o Protocolo do Serviço Especializado em Abordagem Social, tendo entre seus objetivos o recolhimento e a internação compulsória de crianças e adolescentes que estão em situação de rua na cidade do Rio de Janeiro, uma resolução que viola a Constituição Federal, o Estatuto da Criança e do Adolescente, a Convenção Internacional dos Direitos da Criança e do Adolescente e a Lei de Saúde Mental, dentre outras;

Considerando que a citada resolução infringe as diretrizes estabelecidas na Política Municipal de Atendimento às Crianças e Adolescentes em Situação de Rua,deliberada pelo CMDCA Rio em 2009, crianças e adolescentes reunidos no Fórum das Crianças e Adolescentes em Situação de Rua, realizado pela Rede Rio Criança, no dia 15 de junho de 2011, denunciam e reivindicam:

- Nós, crianças e adolescentes em situação de rua denunciamos as operações de recolhimento, feitas na cidade do Rio de Janeiro pela Prefeitura do Rio, todas feitas de forma violenta pela polícia, que chegam batendo, agredindo, e nos levam para a delegacia como se fôssemos bandidos, e para abrigos que não adiantam de nada. O que adianta tirar as pessoas da rua e não oferecer nada melhor? Antes de recolher tem que ter um Plano que ofereça melhores condições de vida para as pessoas. 

- Denunciamos os policiais que levam nosso dinheiro, levam tudo o que a gentetem.

- Denunciamos a forma como os policiais entram nas comunidades, dando tiro, achando que todo mundo é bandido. Eles não respeitam as pessoas.

- Denunciamos a forma como tratam as pessoas que fazem uso de droga, pois em vez de tratarem, reprimem e dopam a gente. Eles ficam só em cima dos “cracudos” e têm muita gente morrendo de overdose por outras drogas.

- Denunciamos a clínica de Barra Mansa, Casa Reviva, que dopam a gente o dia todo e ainda nos amarram na cama.

- Denunciamos o tipo de tratamento nas clínicas para tratamento de drogadição, que dão remédios e não nos oferecem outras atividades. O tratamento é importante, mas é tudo fogo de palha, é tudo por causa da Copa; estão apenas maquiando a cidade.

- Denunciamos o DEGASE (Instituto Padre Severino), pois eles batem, esculacham os adolescentes lá dentro, oprimem o menor. E muitas vezes pegam o dinheiro das famílias quando vão visitar. Os adolescentes saem pior do que quando entraram.

- Nós reivindicamos que tem sim que acabar com a cracolândia, mas tem que dar umtratamento digno. Tem que levar as pessoas para um local que oferecesse alguma coisa melhor, escolas, estágio, profissionalização.

- As pessoas que estão na rua têm que ser respeitadas, tem que dar outra alternativa, e não cadeia.

- Tem que ouvir as pessoas, e não ficar agindo por elas. Tem que saber o que elas querem, o que precisam.

- Tem que ter escuta, afeto, cuidado, e não repressão.

- A polícia e a prefeitura devem selecionar melhor as pessoas que abordam, não pode colocar pessoas despreparadas.

- Queremos, enfim, que nos tratem como pessoas que somos, e que respeitem nossos direitos.

Fórum das Crianças e Adolescentes em Situação de Rua da Rede Rio Criança

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