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segunda-feira, 28 de março de 2011

Carta Aberta Em Favor da Cultura e da População.


Essa é a Carta Aberta que acabei de enviar ao Sr. Prefeito de São José dos Campos.


Ilmo. Sr. Eduardo Cury,
Prefeito do Municipio de São José dos Campos, boa tarde!

Meu objetivo é a mudança de toda a diretoria da Fundação Cultural Cassiano Ricardo, enquanto não se decide por extingui-la como gestora cultural do município, previsto no artigo 18 de seu estatuto, que pode ser visto AQUI.

Primeiramente peço licença para iniciar essa mensagem, com um texto "poético", que foi publicado dia 03/03, na sessão CARTA DO LEITOR em O Vale, que expressa e dá o tom do desgosto da população joseense. 


CARTADOLEITOR
Direitos
Enquanto uma mãe se acorrenta,
chamando atenção para
a necessidade de vaga numa
escola do município para
seu filho, outra mãe sofre na
portaria do Parque Vicentina
Aranha por ver seu filho adolescente
e músico, impedido
de assistir a um evento musical
naquele espaço, apenas
por estar portando um violão.
Tenta-se justificar o porte do
violão, explica-se não ter onde
deixar o instrumento e se
ouve de forma autoritária e
ríspida: “Ou entra sem o violão
ou o instrumento será
apreendido. É lei”. Que lei é
esta? Quem a inventou?
Não faltam somente bibliotecas
nos bairros, atividades culturais
para nossos jovens e crianças.
Faltam capacitação, educação,
princípios e valores.
Sem a cultura, e a liberdade relativa
que ela pressupõe, a sociedade,
por mais perfeita que seja,
não passa de uma selva. O
que vivenciamos é triste, grotesco e inaceitável.
(...)
SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

**********

Ilmo. Sr. Prefeito,

É possivel, que sejamos nós, cidadãos joseenses, pagadores de impostos, seja ao abastecermos um veículo, seja ao pagarmos a passagem do ônibus, os TEMPLÁRIOS dessa cidade? Nós é que somos os "mentalmente insanos"? 

Onde Sr. Prefeito, onde é que está escrito? Qual é a lei que proíbe os artistas de se expressarem ou se manifestarem publicamente? Qual é a lei que proíbe o cidadão joseense, um jovem munícipe, de adentrar com seu instrumento musical num parque de nossa cidade? Onde está escrito isso, Sr. Prefeito? Manifestação artística não precisa de autorização. Manifestação artística não é evento particular. Manifestação artística está previsto como direito constitucional. Esse assunto por si só já é vergonhoso! 

A vergonha maior: Ao ouvir a gravação da entrevista dada pelo diretor presidente da FCCR, Sr. Mario Domingos de Moraes, me senti extremamente agredido e ofendido por um "servidor público", que parece estar totalmente despreparado intelectualmente para exercer a função que ocupa. Peço gentilmente, para que o senhor ouça as "desventuras" desse dirigente cultural, na entrevista que foi ao ar no dia 28/02: http://bit.ly/hFGrOP (peço para que ouça a entrevista antes de continuar a leitura)

Sr. Prefeito, gostaria de saber se o senhor, e as pessoas que estão ao seu lado nesse momento, não se sente (m) envergonhado (s) com tal entrevista! Como pode o gestor cultural do municipio não saber o nome do Cine Teatro Benedito Alves? Como pode o gestor cultural do município comparar Caetano Veloso com Cristina Cará? Seria de bom tom, uma retratação pública por parte desse dirigente, para com toda a comunidade cultural da cidade, por ter chamado a todos de "Templários" da Cultura, principalmente pelo tom pejorativo da menção! De mais a mais, de quem é de fato, essa visão "templária" de administração? 

Peço também, Sr. Prefeito, que tome uma atitude em favor da Arte e Cultura em nossa cidade pois tal dirigente, nunca correspondeu aos anseios da população josseense, principalmente da comunidade artística e cultural do município, pela postura arrogante e desconectada da realidade joseense. Seria de bom tom, Sr. Prefeito, repensar a FCCR inteira!

Sobre a lei de inexigibilidade:  Lei Federal - 8666/93 (lei das licitações). Art. 25. É inexigível a licitação quando houver inviabilidade de competição, em especial: III - para contratação de profissional de qualquer setor artístico, diretamente ou através de empresário exclusivo, desde que consagrado pela crítica especializada ou pela opinião pública.  

Posto isso, Sr. Prefeito, como não possuímos crítica especializada em nossa cidade, não cabe utilizar os argumentos dos quais o dirigente cultural faz uso, para justificar não ter feito licitação para a contratação dos profissionais, tanto para a Cia de Dança, quanto para o Museu do Folclore, visto agravante que os contratos ultrapassam os 210 mil reais, mais do que o estado ou o governo federal repassam para as ONG's trabalharem em 2 anos, através do Programa Cultura Viva e Pontos de Cultura. E quais os trabalhos relevantes que possuem estas duas instituições em detrimentos a tantas outras que temos por aqui?

Sr. Eduardo Cury, nosso Prefeito, vou além da questão do Cine Teatro, da Cia de Dança e do Museu do Folclore, a sociedade também fala do abandono que estão os bairros afastados do centro da cidade, isso tudo está virando chacota nas ruas e redes sociais, sem falar na instalação do Incinerador e da Termelétrica que só trarão mal a população. 

Sua imagem está sendo denegrida, junto com a de seu partido, não somente pela comunidade cultural da cidade, mas pelas pessoas comuns (vide FACEBOOK), que também pagam seus impostos e vêem seus amigos que dependem dos serviços públicos, definharem-se em desgosto.

Sr. Prefeito, muita coisa errada acontece em nossa cidade (mas o que é certo e errado?), e acredito que o Sr. nem tome conhecimento. Sabemos que seu envolvimento com a política acaba ao final desse mandato. Como o Sr. quer ser lembrado? Como o Sr. pensa que será lembrado?

Muito bem Sr. Prefeito, quero agradecer imensamente sua atenção. Aproveito para dizer que esse email expressa a minha indignação com os rumos de nossa cidade, sobretudo o cultural, e vai com cópia para muitas outras pessoas formadoras de opinião, tanto em nossa cidade, quanto de outras localidades espalhadas por esse imenso Brasil.


PS1: A solução destes problemas se dá com amplo diálogo.
PS2: Que tipo de política cultural o Sr. pensa para a cidade? 


Cordialmente,
julio saggin


4 comentários:

  1. A política cultural de Cury é nula e ele não fará nada por ela, pois está no fim de seu último mandato e 2012 já está ai. Duvido até que ele leia, no máximo vai mandar o secretário de administração dizer que está estudando a proposta (como sempre faz, mas nunca "passa de ano" nos estudos) e dar de ombros, RINDO DA CARA DO POVO.

    O projeto de Cury não é mais SJC, afinal ele não pode se reeleger. Agora o interesse dele é algum cargo no Governo Estadual seguindo os passos de seus comparsas, digo, correligionários, Emanuel e Alckimin picolé de chuchu, até 2014, quando deve se lançar candidato a deputado estadual.

    Emanuel deve ser o candidato a prefeito e não duvido nada será eleito pois é nojentamente queridinho por ai. Tarefa fácil também, pois tem e sempre terá a ajuda de nossa querida imprensa O (não) Vale e Vanguarda. E por mais 8 anos SJC ficará sem uma política cultural digna do nome que ostenta, o de "Capital do Vale".

    A mobilização popular é importante, como já disse, mas o que resolve mesmo é o voto. Dizer NÃO a essa corja do PSDB nas urnas é a única solução viável.

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  2. Parabéns, Julio!
    A prefeitura de SJC não tem se quer uma secretaria da Cultura. Deixar para a Fundação Cultural fazer isso pobremente é o absurdo.
    Quando dizem que aqui não se tem nada pra fazer, estão cobertos de razão. Para São José crescer e bem, precisamos de cultura tanto quanto precisamos de fábricas.

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  3. Recebi em resposta ao email da CARTA ABERTA:

    É com grande pezares, que repasso esta mensagem. É muito triste que em uma cidade poderosa por seu capital financeiro e inversamente no que se refere à democracia.
    Infelizmente, o governo PSDB, tem se mostrado um defensor da institucionalização da arte, o que fere diretamente os principios do artista. Pois não ha arte em uma mente sobre controle. Arte exige liberdade.
    Quando o prefeito e ex-prefeito diz que SJC é uma cidade de leis, acho que houve alguns equivocos, sobre o que é lei para regulamentar e lei para controlar e limitar ações que possibilitam a manifestação social. É evidente a tentativa, por parte do governo municipal, de controlar o que o povo deve ou não manifestar.
    Esta do violão não é o primeiro caso de pessoas que são barradas neste espaço, que pertence a população - pois foi comprado com recursos publicos- houve tambem um caso de um colega que foi impedido de entrar com seu equipamento fotografico.
    Então encerro com três perguntas:
    Até quando teremos o direito de ir e vir em SJC?
    É esse tipo de governo que queremos?
    Ano que vem é eleição, vamos esquecer tudo isso?

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  4. Muito bem, Júlio, ainda bem que temos uma voz que corre atrás; onde já se viu um presidente de uma Funcação Cultural não saber o nome do cine-teatro?!?! parabéns, amigo; tem todo nosso apoio.

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