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sábado, 26 de março de 2011

Incineração não é solução!


Que ar você quer respirar?

A Prefeitura Municipal de São José dos Campos distribuiu neste mês um jornal relatando as maravilhas da incineração do lixo e a incrível forma de fazer aquilo que foi descartado virar energia.

O que a Prefeitura não mostra é que a incineração e instalação de termelétricas, além de ilegal, é um risco à saúde da população e ao meio ambiente. E para conseguir instalar esse sistema, já proibido em diversos países da Europa, querem mudar a lei orgânica do município.

“A queima do lixo, além de ser uma tecnologia cara, joga através das chaminés destes equipamentos (mesmo com a utilização de filtros) uma grande quantidade de resíduos altamente tóxicos e cancerígenos na atmosfera. Isto sem mencionar o fato do CO2 que contribuiria para aumentar a poluição no município e que conforme informa a CETESB já esta saturado, ampliando o efeito estufa e o aquecimento global, piorando as mudanças climáticas! Entre as substancias geradas pelos incineradores estão os metais pesados, os produtos de combustão incompleta e as substâncias químicas novas formadas durante o processo de incineração. As dioxinas e furanos formados durante o processo de combustão do lixo são os mais tóxicos conhecidos no planeta, causando riscos a saúde como problemas respiratórios e câncer, além de se acumular no solo, lençol freático, contaminando o meio ambiente.” O alerta é feito pelo engenheiro e especialista ambiental e membro do Fórum Permanente em Defesa da Vida, Vicente Cioffi, que também relata: “em 2006 a França comprovou a contaminação da população no entorno da termelétrica. Quase todos os casos eram de câncer”.

A instalação da termelétrica em São José não é uma exclusividade da cidade. O governo do estado de São Paulo elaborou um plano para a construção de grandes usinas de incineração de lixo. Em todo o estado, a justificativa é sempre a mesma: falta de espaço para aterros, principalmente em regiões metropolitanas e no litoral norte do estado, e a necessidade de geração de energia.

Com a ampliação do debate na sociedade, vem crescendo o número de pessoas contrárias à instalação dos incineradores, alegando esta ser a última solução, conforme propõe a Política Nacional de Resíduos Sólidos, regulamentada por decreto no final de 2010.

O Decreto inclui a não geração do lixo, a redução, a reutilização, a reciclagem e o tratamento de resíduos sólidos como opções prioritárias. Também foram determinadas penalidades para quem não cumprir a coleta seletiva (não há em 44% dos municípios brasileiros) e a logística reversa, ou seja, o retorno obrigatório aos fabricantes de itens como pilhas, pneus e produtos eletrônicos. Foram previstas multas de até R$ 50 milhões para quem lançar resíduos em locais como praias ou não der destinação adequada a resíduos perigosos.

São várias ações incentivando a conscientização para um país limpo e sustentável, e o governo do estado de São Paulo faz o caminho contrário, propondo alterações nas leis para se esquivar da Política Nacional de Resíduos Sólidos.

São José não comporta incineradores e termelétricas!

As características geográficas de São José dos Campos não são adequadas para a instalação de incineradores de lixo. São José está localizada num vale, entre as serras do Mar e da Mantiqueira.

De acordo com pesquisadores do INPE, durante grande parte do ano não há vento na região para a dispersão dos poluentes causados pela Petrobrás, rodovia Dutra e pela expansão urbana.

O engenheiro e ambientalista Gabriel Alves da Silva Junior faz uma previsão nada otimista para a cidade, caso haja a instalação da usina: “São José vai ficar pior do que foi Cubatão, teremos ilhas de concentração de resíduos químicos”.

Uma das grandes preocupações dos ambientalistas é a diferença do lixo gerado na Europa, que utiliza a incineração, e o lixo brasileiro. Nos países da Europa todo lixo incinerado é considerado lixo seco, enquanto no Brasil mais de 60% é lixo orgânico. Essa particularidade atrapalha a queima, encarece os custos, aumenta a emissão de toxinas cancerígenas e produz escória perigosa, com metais pesados e outros tóxicos que acabaram por ser aterrados, correndo o risco de contaminação ao ambiente.

As tecnologias utilizadas na incineração e nas termelétricas, por mais avançadas, não estão isentas de comprometer a qualidade do ar, emitindo na atmosfera gás carbônico e óxido de nitrogênio, responsáveis pelo agravamento do aquecimento global, chuvas ácidas e incidência de raios (problemas já frequentes no município).

Com relação à saúde da população, São José dos Campos já apresentou um aumento em 30% de patologias relacionadas com a péssima qualidade do ar: asma, bronquite, rinite alérgica, pneumonia, câncer de pulmão e enfartos.

O que fazer com o lixo?

A solução para o lixo apresentada pela prefeitura é cara, perigosa, só gera danos à saúde e ao meio ambiente, além de estimular um consumismo absurdo (porque as pessoas perdem o peso na consciência de desperdiçar alimentos e param de reciclar, já que tudo “vai virar energia mesmo”).

A solução do lixo é super simples: reciclar e reaproveitar. Tudo é reaproveitável! O lixo orgânico como adubo (e o Brasil poderia deixar de importar adubo - é um dos maiores importadores mundiais) e o lixo reciclável, cada um com seu destino. Algumas coisas como pneu e pilhas não são recicláveis, esses fazem parte da política reversa, ou seja, o fabricante é responsável. A gente devolve o produto usado pro fabricante e ele deve arrumar uma destinação. No caso de pneus por exemplo, alguns são triturados e transformados em asfalto, outros são cortados ao meio e usados em contenção de encostas...

Seguir a Política Nacional de Resíduos Sólidos, incentivando a criação de cooperativas de reciclagem é um bom começo para solucionar o problema do lixo em qualquer cidade.



6 comentários:

  1. Oi Michele. Dessa culpa eu estou livre!

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  2. Voltei porque sei que vai gerar polêmica esse meu comentário. Eu quis te cutucar, Julio, e você sabe disso.

    Não tenho a pretensão de dizer que meu voto é mais certo, nem que os políticos que defendo são os melhores. Apenas quero alertar para a responsabilidade que cada um de nós temos na vida de nossas cidades.

    Se Cury foi eleito duas vezes é porque os munícipes aprovaram as condutas dele com relação à cidade e você foi um deles.

    É claro que é válido mudar de opinião quando as condutas não mais condizem com o que acreditamos como o melhor, mas infelizmente quando se trata de mandatos eleitorais só é possível mudar na próxima eleição.

    Lutar para que as coisas erradas não se tornem Leis é um passo importante. A mobilização popular é "a luz no fim do túnel". Também sou contra a instalação de termelétricas. Apoio esta luta, assim como a questão do fundo cultural.

    O que questiono é: Cury NUNCA foi amigo do povo, nem da cultura, então como pode você ter acreditado nele?

    O PSDB, meu caro, é podre. E isso é fato.

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  3. Oi Fernanda! Agora que vi que o texto é seu, não foi pra você o comentário! Quis provocar o Julio, rusguinha "antiga" da época da eleição de Dilma...

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  4. Oi Michele, espero que esteja bem! Gostei dessa provocação, porquê pode servir para que outras pessoas passem a ver o mal direcionamento de nossa cidade.
    Acredito que todas as pessoas possam transformar suas realidades, a partir de seus mais sinceros sentimentos! O importante é o coração.

    bjbj

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  5. Estive no WORKSHOP na Câmara Municipal de SJCampos. O fato, é que a prefeitura já decidiu por esse sistema de Incinerador com possibilidade de implantação da Termelétrica.
    Pelo meu entendimento é a solução ideal para destinar o lixo de toda e qualquer cidade, no entanto o perigo de aumentar a poluição é real, mesmo com a fiscalização da CETESB, afinal, temos o maior dos exemplos, a REVAP.

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